Ao final dos anos 80, o narcotraficante Pablo Escobar era responsável por aproximadamente 80% de toda cocaína consumida no mundo. Desde o início de suas atividades, Pablo sempre procurou se aproximar das camadas mais pobres da população colombiana e o futebol era importante ferramenta para tal intento.
Pablo nas arquibancadas. Futebol era sua paixão. |
Mas esse não era o único motivo. Escobar era, por si mesmo, um apaixonado pelo esporte. Ademais, via seus rivais do Cartel de Cali acumularem constantes vitórias nos gramados por intermédio do investimento que faziam no América de Cali.
Unindo o útil ao agradável, "El Patrón" iniciou altos investimentos no Atlético Nacional e Independiente, ambos times de sua cidade, Medellín. Disposto a fazer um time de sua cidade ser o primeiro campeão colombiano da Libertadores, não mediu esforços para que em 1989, o Nacional se sagrasse campeão. Suborno e ameaças a árbitros e adversários era sua principal ferramenta. Mas indo além, ele montou um esquadrão. O time era a base da seleção colombiana e contava com craques do calibre de Higuita, Carmona, Perea, Escobar (assassinado em 1994) e Usuriaga. O técnico era o renomado Francisco Maturana.
Na fase de grupos, o Nacional e seu colega colombiano Millonarios, ficaram ao lado das equipes equatorianas do Emelec e Deportivo Quito.
1ª Fase
16/02, Millonarios (COL) 1x1 Atlético Nacional
21/02, Emelec (EQU) 1x1 Atlético Nacional
24/02, Deportivo Quito (EQU) 1x1 Atlético Nacional
07/03, Atlético Nacional 0x2 Millonarios (COL)
14/03, Atlético Nacional 2x1 Deportivo Quito (EQU)
28/03, Atlético Nacional 3x1 Emelec (EQU)
Ao final, as duas equipes da Colômbia avançaram, com o time de Escobar ficando em segundo. Nas oitavas, foi a vez de enfrentarem o Racing. Com uma vitória por 2 a 0 em casa e uma derrota por 2 a 1 na Argentina, o Nacional avançou para as quartas.
Nas quartas de final, foi a vez de eliminarem o Millionarios. Na fase de grupo, as duas equipes empataram em Bogotá e o Nacional perdeu em Medellín, mas estranhamente, ou não, dessa vez a equipe da capital não rendeu o quanto poderia. Com uma vitória em Medellín por 1 a 0 e um empate por 1 a 1 em Bogotá, os Verdolagas avançaram.
Nas semifinais enfrentaram o Danúbio do Uruguai. Um empate por 0 a 0 em Montevidéu e uma vitória acachapante por 6 a 0 na Colômbia. De acordo com o site Globo Esporte, "o placar suspeito salvou as vidas do trio de arbitragem. Anos depois, o assistente argentino Juan Bava revelou à imprensa de seu país que Escobar tentou comprar os árbitros por bem ou por mal. Em Medellín, eles foram interceptados por homens armados que ofereceram duas opções: ou aceitavam dinheiro para evitar qualquer problema contra o Atlético em campo ou não voltariam vivos para a Argentina. Bava declarou em tom de brincadeira que, se o jogo estivesse empatado por 0 a 0 nos minutos finais, ele mesmo faria um gol para o Nacional."
A final seria contra o tradicional Olimpia do Paraguai, que já havia conquistado a Libertadores e o Intercontinental em 1979. Esse mesmo time viria a ser bicampeão da Libertadores e campeão da Supercopa no ano seguinte.
No primeiro jogo, os paraguaios se impuseram e fizeram 2 a 0 em Assunção. Porém, no jogo da volta, incrivelmente, a equipe sofreu um apagão. O Atlético Nacional devolveu o placar e venceu nos pênaltis por 5 a 4.
Chama a atenção a disputa por pênaltis. Durante as cinco cobranças iniciais, cada equipe desperdiçou um tiro. Na sequência alternada, por três oportunidades os olimpistas tiveram a oportunidade de vencer, mas a medida que os colombianos desperdiçavam suas cobranças, os paraguaios também o faziam.
Para a tristeza, ou alegria, vai saber, dos paraguaios, finalmente na quarta sequência alternada, Sanabria garantiu a sua e a vida de seus companheiros desperdiçando o quarto pênalti seguido pelos paraguaios e Álvarez marcou para o Nacional.
Medellín em festa! El Patrón conseguiu seu tão sonhado título de Libertadores.
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