Fatos e curiosidades das eliminatórias para a Copa de 1994 - Parte I

Parte II e III (Final).

A Copa de 1994 marcou muitas pessoas. Seja porque foi a primeira vez que muitos viram um título do Brasil, seja por diversos fatos ocorridos no torneio, como o doping de Maradona, as surpreendentes atuações de Romênia e Suécia, o trágico gol contra de Escobar, o golaço de Al Owairan, ser a primeira copa decidida nos pênaltis, ser a última copa sem o inchaço desnecessário para 32 seleções etc, muitos a guardam com carinho na memória.

Mas o que poucos lembram, é que esse foi um torneio movimentado também nas suas eliminatórias. A partir desta postagem o Futebol Nostálgico relembrará algumas curiosidades e fatos das qualificações para o mundial dos Estados Unidos.

Começaremos revendo toda as eliminatórias sulamericanas, onde apresentarei todos os jogos.


Dada a suspensão do Chile devido a cena armada nas eliminatórias para a Copa de 1990, quando na partida final contra o Brasil em 1989 o goleiro Rojas simulou ter sido atingido por um foguete, as eliminatórias sulamericanas foram compostas por nove seleções divididas em dois grupos.

Durante o sorteio houve apreensão no Brasil, já que nossa seleção caiu no grupo do, de acordo com os analistas, favorito Uruguai. O fiel da balança seria a então saco de pancadas Venezuela. No último ato do sorteio, definiu se a equipe Vinotinto jogaria no grupo A ou B. A questão era simples. Por haverem nove seleções, um dos grupos ficaria com cinco e o outro com quatro, contudo, o que estivesse com cinco teria dois classificados diretos, enquanto o outro teria apenas um, com o segundo colocado tendo que disputar a repescagem.

Para a alegria dos "especialistas", os venezuelanos caíram no grupo do Brasil, sendo assim, considerando o suposto favoritismo uruguaio, estaríamos tranquilos na segunda colocação, sem a necessidade da repescagem. Obviamente, esses tipos de análises quase sempre servem apenas para derrubar comentaristas, e como veremos a seguir, as expectativas não se confirmaram.

No grupo A ficaram a favorita a vaga direta Argentina, os favoritos a repescagem Colômbia e os azarões Paraguai e Peru. Já no grupo B, os favoritos às vagas diretas Uruguai e Brasil se uniam aos depreciados Equador, Bolívia e Venezuela.

Ao contrário do que ocorre atualmente, os jogos foram disputados em um intervalo curto de tempo, dois meses e meio, aproximadamente. Uma vez que o grupo B possuía mais seleções, seus jogos começaram duas semanas antes. No dia 18 de julho de 1993, o Brasil rumou à Guayaquil e voltou com um empate por 0 a 0 contra o Equador. No mesmo dia, a Bolívia goleou a Venezuela fora de casa por 7 a 1.

 


No dia 25 de julho, foi a vez do Equador folgar. O Brasil foi até La Paz e sofreu a sua primeira derrota na história das eliminatórias para as Copas do Mundo. Um surpreendente 2 a 0 para a Bolívia começou a mostrar que o selecionado boliviano não estava para brincadeira. O Brasil segurava o empate, o que já seria um resultado ruim, contudo, aos 43 do segundo tempo, a equipe local abriu o marcador em uma falha do goleiro Taffarel. Um minuto depois, a Bolívia ampliou o marcador. No mesmo dia, o Uruguai fazia sua estreia vencendo a Venezuela fora de casa por 1 a 0.








Ao final da segunda rodada a situação já se mostrava preocupante. O Brasil ainda não havia enfrentado o Uruguai, apenas seleções consideradas fracas pela mídia especializada e acumulava apenas um ponto em dois jogos, enquanto a líder Bolívia já contava com quatro pontos em dois jogos, o Uruguai tinha dois pontos em um jogo e o Equador também tinha um ponto, mas com apenas um jogo. Vale lembrar que a vitória ainda valia dois pontos no torneio. A FIFA já tinha aprovado os três pontos para a vitória, contudo, como o torneio eliminatório sulamericano já havia se iniciado, manteve-se a regra antiga até o fim da contenda.

No dia 1º de agosto seria disputada a terceira rodada do grupo B e a primeira do A. O Brasil visitou a Venezuela e meteu 5 a 1, enquanto Uruguai e Equador empataram por 0 a 0 em Montevidéu. O cenário parecia melhorar para o Brasil, mas na próxima rodada, seria nossa seleção a folgar. Já no outro grupo, Colômbia e Paraguai empataram por 0 a 0 em Barranquilla, enquanto a Argentina vencia o Peru em Lima por 1 a 0.




A Argentina estava a todo vapor e no dia 8 de agosto, venceu o Paraguai em Assunção por 3 a 1, enquanto a Colômbia venceu o Peru em Lima por 1 a 0. No B, o Equador meteu 5 a 0 na Venezuela, enquanto a Bolívia, continuava surpreendendo ao vencer o Uruguai por 3 a 1 em La Paz.







Após quatro rodadas do grupo B, o panorama era o seguinte: Bolívia em primeiro com seis pontos, Equador em segundo com quatro, em terceiro vinham Brasil e Uruguai com três. Duas coisas jogavam a favor do Brasil. A primeira era que, o Uruguai não se encontrava tão forte quanto se esperava, contudo o próximo jogo seria o clássico entre as duas seleções em Montevidéu. A segunda é que o Brasil estava próximo dos líderes e ainda teria os jogos em casa por fazer.

No dia 15 de agosto, ocorreu a terceira rodada do grupo A e a quinta do grupo B. Dois jogos muito esperados quando do sorteio ocorreram nesse dia. No grupo A, haveria Colômbia e Argentina, terminado com vitória dos tricolores sobre os albicelestes por 2 a 1, enquanto no B, Uruguai e Brasil terminaram em 1 a 1. Nos outros jogos, Paraguai fez 2 a 1 no Peru e a Bolívia manteve os 100% de aproveitamento ao bater o Equador por 1 a 0.








Assim, terminou-se o primeiro turno do Grupo B com a seguinte classificação: Bolívia com oito pontos, Equador, Brasil e Uruguai com quatro e a Venezuela com zero.

No dia 22 de agosto, a Bolívia meteu 7 a 0 na Venezuela e garantiram sua passagem para os Estados Unidos. Além de chegar aos 10 pontos, os bolivianos não teriam como ser alcançados mais por Brasil, Uruguai e Equador. Dado o fato de que essas seleções ainda cruzariam entre si, apenas uma delas teria condições se alcançar a Bolívia. O Brasil saiu na frente ao vencer o Equador no Morumbi por 2 a 0. No outro grupo, a Argentina bateu o Peru por 2 a 1, enquanto Paraguai e Colômbia empataram por 1 a 1.









Assim, no grupo A, o seguinte panorama era apresentado: Colômbia e Argentina com seis pontos, Paraguai com quatro e Peru com zero.

Encerramos aqui a primeira parte. Adiante publicarei a segunda parte das eliminatórias sulamericanas e a terceira parte com os fatos das outras eliminatórias.

Parte II e III (Final)

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