O palco não poderia ser melhor, o mítico Camp Nou em Barcelona, mas em campo não estava o time dono do estádio. O Barcelona caiu no grupo dos dois protagonistas da final, junto com o Brøndby da Dinamarca e nem passou da primeira fase.
Na primeira fase, Manchester e Bayern protagonizaram dois empates, porém os bávaros ficaram em primeiro no grupo por um ponto e tiveram o caminho até a final facilitado. Nas quartas e semifinais, os ingleses enfrentaram Inter de Milão e Juventus, respectivamente, enquanto os alemães duelaram contra os conterrâneos do Kaiserslautern e o Dínamo de Kiev.
O mundo esperava que no dia 26 de maio o Barça estivesse em seu campo, mas lá estavam Manchester e Bayern. O italiano Pierluigi Colina, na época o melhor árbitro do mundo, apitaria esta batalha campal vista por 90 mil pessoas no estádio e por milhões ao redor do mundo pela TV. No Brasil, nem Globo, nem Bandeirantes, foi a TV Cultura que teve a honra de exibir esta partida em rede aberta.
Começou a partida e logo aos 6 minutos, gol do Bayern, Mario Basler de falta. A partir de então a partida tomou a tônica de uma final, com os times cautelosos e tensos. Mas houveram grandes chances de ambos os lados. No segundo tempo, os alemães tiveram a chance de confirmar o título em um chute por cobertura de Mehmet Scholl e uma bicicleta de Carsten Jancker, mas em ambos os lances a bola acertou a trave do goleiro Peter Schmeichel.
O jogo caminhava para o final. O árbitro assinalou 3 minutos de acréscimo. A torcida do Bayern já comemorava o título. O presidente da UEFA, Lennart Johansson deixava a tribuna e descia em direção ao campo para a entrega do troféu, já decorado com as fitas do Bayern. Seria o primeiro título da Liga dos Campeões da UEFA do craque Mathäus, que após a disputa iria jogar nos Estados Unidos.
Seria, não foi... Aos 45 do segundo tempo, o Manchester ganhou um escanteio ao mesmo tempo em que o quarto árbitro mostrava a placa com os minutos de acréscimo. Peter Schmeichel correu para a área do Bayern. David Beckham cobrou o escanteio exatamente acima da cabeça de Schmeichel, mas Dwight Yorke lançou novamente a bola para a confusão, Thorsten Fink falhou em afastar o perigo e ela alcançou os pés de Ryan Giggs que emendou um chute torto, mas que no caminho encontrou Teddy Sheringham que só encostou para o empate dos "Diabos Vermelhos" quando o relógio marcava 90:36.
"Bem, iriamos para a prorrogação", pensei. Mas menos de 30 segundos após o reinício, o Manchester forçou outro escanteio. Desta vez, Schmeichel permaneceu em sua área. Beckham novamente cobra, a bola é resvalada e encontra o desvio de Ole Gunnar Solskjær. Era a virada quando o relógio assinalava
92:17.
O mundo estava atônito! Os jogadores do Bayern cairam no solo e Colina teve que intervir para que os segundos finais fossem jogados. Quando emergiu do túnel após o apito, o presidente da UEFA ficou estupefato "I
can't believe it, the winners are crying and the losers
are dancing", confidenciou Lennart Johansson depois.
Nesta temporada o Manchester conquistou também o Campeonato Inglês e a FA Cup, ficando assim com a Tríplice Coroa Européia. Essa é até hoje, sem dúvida, a maior final da Liga dos Campeões da história!
O vídeo abaixo mostra os 3 minutos finais com uma câmera da UEFA posicionada atrás do gol de Oliver Kahn, goleiro do Bayern.
O primeiro vídeo, apesar de mais extenso, não mostra as duas bolas na trave que poderiam ter decretado a vitória do Bayern, de modo que coloquei este abaixo onde os lances são mostrados.
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