Uruguai, o carrasco dos vizinhos

Bicampeã mundial, a seleção uruguaia venceu seus títulos nos primórdios da Copa do Mundo.

O primeiro título se deu logo na primeira edição em casa. O adversário da final foi a rival Argentina.



O jogo foi disputado no Estádio Centenário em 30 de julho. Os portões do estádio foram abertos às oito da manhã, seis horas antes do pontapé inicial, e ao meio-dia os lugares estavam tomados, oficialmente comportando 93.000 pessoas. Antes do início da partida ocorreu uma discordância em relação a bola que seria usada na partida, forçando a FIFA a interferir decretando que a bola argentina seria usada no primeiro tempo e uma uruguaia no segundo. O jogo acabou 4 a 2 para os uruguaios (que perdiam de 2 a 1 no intervalo). 

Bola usada na final de 1930
 
O dia seguinte à partida foi declarado feriado nacional no Uruguai. Em Buenos Aires, arruaceiros jogaram pedras no consulado uruguaio.Rivalidade sulamericana levada ao extremo!

Com o título mundial, o Uruguai era na época a seleção mais bem sucedida internacionalmente, uma vez que era a atual bicampeã olímpica em 1924 e 1928, batendo nesta última também a Argentina na final. Vale lembrar que antes da criação da Copa do Mundo, o torneio de futebol dos Jogos Olímpicos era a competição responsável por decretar a "melhor" seleção Mundial.

Equipe campeã de 1930


O segundo triunfo uruguaio em uma Copa do Mundo, também ocorreu em solo sulamericano. Como se esquecer do Maracanazo

O dia era 16 de julho e o Brasil precisava de um empate. Saiu ganhando e perdeu por 2 a 1, com um gol aos 21 minutos e outro aos 34 do segundo tempo.


O silêncio tomou conta do Maracanã às 16 horas e 50 minutos . Desolados, os quase 200 mil torcedores demoraram mais de meia hora para deixar o estádio. 

O presidente da FIFA, Jules Rimet, conta um caso curioso no seu livro La historie merveilleuse de la Cope du Monde: "Ao término do jogo, eu deveria entregar a Copa ao capitão do time vencedor. Uma vistosa guarda de honra se formaria desde a entrada do campo até o centro do gramado, onde estaria me esperando, alinhada, a equipe vencedora (naturalmente, a do Brasil). Depois que o público houvesse cantado o hino nacional, eu teria procedido a solene entrega do troféu. Faltando poucos minutos para terminar a partida (estava 1 a 1 e ao Brasil bastava apenas o empate), deixei meu lugar na tribuna de honra e, já preparando os microfones, me dirigi aos vestiários, ensurdecido com a gritaria da multidão".

Aconselhado a descer devagar a escada até o vestiário, Jules Rimet ia acompanhado por delegados da FIFA, dirigentes brasileiros e guardas armados com a missão de proteger a taça de ouro: "Eu seguia pelo túnel, em direção ao campo. Na saída do túnel, um silêncio desolador havia tomado o lugar de todo aquele júbilo. Não havia guarda de honra, nem hino nacional, nem entrega solene. Achei-me sozinho, no meio da multidão, empurrado para todos os lados, com a Copa debaixo do braço".

Jules Rimet não conseguiu entregar a taça e decidiu se retirar. Mas logo depois voltou e Obdulio Varela recebeu a taça. Rimet disse: "Estou feliz pela vitória que vocês acabam de conquistar. Cheia de mérito, sobretudo por ter sido inesperada. Com minhas felicitações".

Equipe campeã de 1950
 Na tentativa de encontrar um culpado para a derrota do Brasil, os supersticiosos de plantão culparam a troca do local de concentração na véspera da final, ou ainda culpam o uniforme, alegando que este deu azar para a seleção. A partir daí, a seleção abandonou o branco e passou a jogar com o seu clássico uniforme amarelo. Outros culpam o treinador Flávio Costa pelas 2 horas de missa na manhã do jogo impostas por ele aos jogadores, que rezaram de pé.


Ghiggia, autor do gol da virada uruguaia viria a declarar: "Só duas pessoas conseguiram fazer o Maracanã se silenciar, o Papa e eu". 

Uruguai bicampeão mundial e Brasil e Argentina com um título a menos no currículo, cada um.

O Brasil viria a ser campeão 8 anos após essa derrota, mas a Argentina teve que esperar 48 anos para sentir o gosto de ser campeã mundial.

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